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sábado, 29 de maio de 2010

Ou você pratica o seu discurso, ou discute a sua prática.


Tenho experimentado algumas situações bem diversas (e até adversas) em múltiplas vias do Mundo, principalmente nestes últimos seis meses. Minha vida "fora dos muros da Academia" não é tão importante (provavelmente nunca falarei sobre ela aqui), irei comentar apenas sobre as experiências que me levaram ao título deste post...
Durante um certo tempo presenciei comentários, atitudes e discussões um tanto acaloradas sobre a questão "Devemos ser professores e amigos ou amigos-professores?" tanto por parte dos professores do meu curso, quanto pelos próprios alunos... De início já me adianto que essa discussão foi, para mim, algo interessante, levando em conta outras, como "O que é mais importante: a teoria ou a prática?" e que, diga-se de passagem, eram tão consistentes e enriquecedoras quanto "Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?". Não vou me aprofundar nessa questão, é discussão de espuma das carteiras das Instituições Superiores e não ferem (e nem ajudam) ninguém, em sua maioria, vou resumir em poucas palavras: manter um contato com o aluno para que seu saber seja, no mínimo, incorporado por ele e levado para o meio em que convive é de grande interesse por qualquer professor, mas manter excessivo contato pode nos fazer cair nas garras de um monstro assustador para profissionais da saúde e para professores (sim, sofro risco em dobro na Educação Física), que recebe o nome de Síndrome de Burnout¹. É muito fácil discutir, apaixonadamente, sobre como devemos agir sobre o que se acha correto, mas o que de fato eles esperam com esse discursos, que quando analisados, são clichês? E quando tentamos colocá-los em prática, recebemos nada mais que o contrário deles, como retorno? 

"[...] manter um contato com o aluno para que seu saber seja, no mínimo, incorporado por ele e levado para o meio em que convive [...]"


Nem parece tão difícil de se entender que de nada adianta exigir algo que não possa ser incorporado, pelo menos, por quem exige... E foi num desses diálogos que presenciei uma fala bastante feliz (e racional) de uma amiga, quando falei tudo que achava disso, desde no campo acadêmico e profissional, até ao pessoal e social. E assim surgiu essa frase: "Ou você pratica o seu discurso, ou discute a sua prática", em um momento que me trouxe possibilidade de pensar e construir uma visão, se não crítica, ao menos transcendente disso que já virou esse tão-comum, que reside em falas como o de ter atitudes que reflitam o que se espera em troca do outro, ajudar os outros sem pensar em receber algo em troca, entre outros. Ou transferimos essas ideias para o campo da concretização, ou pensamos se é isso que realmente queremos defender, algo que não fazemos realmente, algo que se tornou um círculo vicioso.

Assim como eu, a sociedade precisa de alguns pontapés para iniciar um processo de ressignificação das promessas, já não há lugar para os tão-comuns (não nesse blog), como: proteger a natureza; salvar os animais; deixar um mundo melhor para nossos filhos; acabar com a fome; diminuir a violência; tornar o mundo mais igualitário; acabar com as guerras e conflitos pelo mundo; buscar uma pessoa inteligente, pois beleza é algo que não importa; e milhões de outros.

Quando eu e minha amiga Maria Clara criamos esse blog, eu, em especial, tinha um discurso, e ele ficou adormecido diante de tantas atividades (e possivelmente não será a última vez). Hoje venho fazer minha transformação "micro", para futuramente ele se tornar "macro"... Hoje eu vim "praticar meu discurso" neste post, dizer que não há mais tempo para manter o que chamo de "complexo do pedestal", no qual apenas critica e resmunga, como se um dia aquilo não fosse lhe afetar...
Eu também estou "discutindo minha prática", e por isso a demora para apresentar o post sobre os jogos Olímpicos, não que tenha deixado de lado, mas sim que tive um contato crucial para reinterpretar essa expressão econômica, política, esportiva e até mesmo cultural, encontrado em um evento esportivo de âmbito mundial (assim como a Copa do Mundo de futebol). E para isso eu discuti meu discurso, pratiquei a minha prática, e notei que era infundado em alguns pontos, e até correto e bastante fundado em outros.

E aqui me despeço, peço sinceras desculpas primeiramente a Maria Clara, que no mínimo deve ter se arrependido de ter me dado bola em criar um blog comigo, um indivíduo tão intermitente... E a todos que possivelmente estejam lendo esse, não vejam como irresponsabilidade e nem preguiça, mas sim como uma tentativa de não escrever muitas besteiras, ou ser leviano com o que realmente sinto, apenas para ter algo a escrever. E agradeço a amiga que teve as palavras pelo qual me trouxeram aqui, escrevendo neste blog novamente... Obrigado Aline Santos, sem você com certeza meus dias seriam melhores! 


1 - Síndrome de Burnout é um distúrbio psiquíco de caráter depressivo causado pelo esgotamento causado pelo excesso de exigência causado pelo próprio indivíduo a si mesmo, muito comum em profissionais da saúde e professores, tendo como estágios os seguintes: necessidade de se afirmar; dedicação intensificada (com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho); descaso com as necessidades pessoais (comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido); recalque de conflitos (o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas); reinterpretação dos valores (isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da auto-estima é o trabalho); negação de problemas (nessa fase os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes); recolhimento; mudanças evidentes de comportamento; despersonalização; vazio interior; depressão (marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido); esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência. A nível de aprofundamento, vide "http://www.prt18.mpt.gov.br/eventos/saude_mental_palestras/pereira/sld001.htm".


Fontes:

Disponível em [http://pt.wikipedia.org/wiki/Síndrome_de_Burnout]. Acesso em: 30 de maio de 2010.

SANTOS, Aline Luiza Pimenta dos. Diálogo ocorridos do dia 30 de maio de 2010. [mimeo]

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